Idade: 41 anos
Suzy Brasil é conhecida como a Drag Queen mais desbocada e abusada do país. Realizada pelo professor de biologia Marcelo Souza, Suzy se apresenta na noite carioca, com números cheios de humor cáustico e irreverência. Atualmente pode ser vista nas noites cariocas em clubes e boates como Galeria Café e Boate 1140, dentre outros.
Pesquisa realizada por: Lohrana Canedo (Discente de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)
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Mais sobre sua biografia:
A personagem Suzy Brasil vem fazendo sucesso na noite carioca há cerca de duas décadas, ganhando vida através da arte de Marcelo Souza. Suzy possui três adjetivos primordiais: desbocada, pornográfica e abusada. Marcelo conta que a personagem surgiu após uma brincadeira entre amigos. Segundo o ator, no ano de 1994, alguns dos colegas que trabalhavam na produção de shows de transformistas, criaram um personagem para ele durante os ensaios de uma peça infantil. Jaqueline Fontair foi o nome da primeira Drag vivida por Marcelo, montada e batizada pelos amigos. A ideia principal era criar uma Drag luxuosa e bonita, porém a caricatura e o escracho tomaram conta do ator, que acabou assumindo a pegada cômica.
Logo na primeira apresentação, no calçadão de Copacabana, o já falecido transformista Pedro Paulo da Costa avistou Marcelo, convidando-o para se apresentar em seu show, que funcionava como uma paródia do programa “Buzina do Chacrinha”.
Marcelo nunca teve a pretensão de se tornar transformista, afirmando nunca ter sentido gosto em se fantasiar de mulher. O que mais se aproximava deste universo, para ele, eram as imitações da cantora Gretchen na frente da televisão, que o ator brinca terem sido incentivadas pelo avô. Foi então, através do incentivo dos amigos transformistas, que Suzy Brasil foi batizada, destacando-se a intenção de ressalvar as características debochadas.
O nome escolhido foi propositalmente espelho da personagem. Deveria, por óbvio, ser escrachado. Mencionando as palavras de Marcelo: “Então veio Suzy, que é nome de cachorra. O sobrenome Brasil é por causa desta bagunça toda que a gente conhece”. Ainda muito novo nesta fase da carreira, a agenda de shows do ator ficou intensa e pesada. A família ainda não sabia sobre a orientação sexual de Marcelo, bem como também não imaginavam a existência de Suzy. Havia sempre o questionamento da mãe sobre os horários do teatro, contudo o respeito sempre imperou no ambiente familiar, mesmo não se sabendo ao certo sobre qual trabalho o rapaz executava.
Diferentemente da Suzy, Marcelo tem uma voz grave e aparenta ser uma pessoa muito contida e de gestos sutis. Como os amigos frequentavam a casa do artista, às vezes se atrapalhavam, chamando-o de drag na frente dos parentes. Era um verdadeiro malabarismo para preservar a identidade diante dos familiares, como Marcelo relata: “A minha casa estava sempre cheia de viados, um bando de bicha pintosa. Eu sempre falava para eles fazerem a linha, não usarem dialetos gays, mas depois da terceira cerveja, eles começavam a me chamar pelo nome de Suzy”.
Foi no final dos anos 90 que o sucesso realmente começou a se aproximar. Durante seus trabalhos, Marcelo desenvolveu uma grande capacidade de improviso, aproveitando-se da inteligência que possui. Aos poucos foi conquistando espaço e conseguiu ter shows próprios, chamando a atenção pelo caráter crítico pulsante nas apresentações, cujas temáticas sempre rodeiam o sexo, religião, escatologia, dentre outros assuntos.
Paralelamente, Marcelo formou-se em biologia e começou a lecionar em escolas da rede pública e privada, bem como em presídios, jamais abandonando a carreira como Drag. Por óbvio, com o crescimento da personagem, logo Suzy virou matéria em jornais e programas de TV, fazendo com que os alunos e a família descobrissem a existência da vida dupla do artista. Atualmente, Marcelo se utiliza da personagem até mesmo para gerar proximidade e atenção dos alunos, tendo passado por situações embaraçosas devido ao trabalho desenvolvido na noite.
Marcelo já teve crises e pensou em abandonar Suzy. Contudo, o apoio familiar foi primordial na decisão de continuar na personagem. O ator afirma o seguinte: “Eles passaram a ter orgulho de mim, principalmente depois que as reportagens, as entrevistas começaram a surgir. Minha rua em dia de festa aqui em casa fica cheia. Os vizinhos me adoram. Pedem para tirar fotos. Todo esse reconhecimento veio através da Suzy. Foi ela quem pagou a faculdade do Marcelo. O que eu ganho como professor no mês é o que tiro em uma semana nos shows nas boates”.
No ano de 2008 foi produzido e dirigido por Renata Than, um documentário em homenagem à personagem, chamado “Suzy Brasil, a deusa da Penha Circular”, que ganhou os prêmios do Festival Guarnice de Cinema, melhor direção, melhor edição, melhor vídeo nacional juri popular, e do Festival Internacional de Cinema de Itu, melhor ator, melhor atriz. Participou dos seguintes festivais: 7º Mostra do Filme Livre, 30° Festival Internacional de Havana, 16° Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, 15° Vitória Cine Vídeo.
Referências bibliográficas:
Suzy Brasil, a deusa da Penha Circular. Disponível em <http://curtadoc.tv/curta/comportamento/suzy-brasil-a-deusa-da-penha-circular/>. Acesso em 22 jun. 2018.
MARTINS, Felipe. Suzy Brasil: drag queen mais desbocada do Rio faz 20 anos de carreira. 14 abr. 2014. Disponível em <https://igay.ig.com.br/2014-04-14/suzy-brasil-drag-queen-mais-desbocada-do-rio-faz-20-anos-de-carreira.html>. Acesso em 22 jun. 2018.