Kabarett der Komiker ou Kadeko (Cabaré dos Comediantes)

Kabarett der Komiker ou Kadeko (Cabaré dos Comediantes)

 

  Fundado em 1924 por Paul Morgan, Kurt Robitschek e Max Adalbert, no espaço onde outrora funcionara o Cabaré Rakete dirigido por Rosa Valetti, em Berlim. Foi o cabaré mais bem sucedido durante o período final da República de Weimar. O Kadeko contou com grandes artistas da cena cabaretista como Rosa Valetti, Kate Kühl, Friedrich Hollaender, Margot Lion e Trude Hesterberg.
  O cabaré nasceu com a intenção de agregar a sátira, o entretenimento e números de caráter político nos quais zombava com primazia do até então jovem movimento Nazista. Paul Nikolaus era conhecido como o conferencista mais político e portanto o mais polêmico.
  Devido à inexorável ascensão de Hitler ao poder, Kurt Robitschek busca exílio nos EUA e o cabaré fica aos cuidados de Hanns Shindler até 1938, quando Willi Schaeffers assume sua direção até 1957. O prédio foi destruído por um bombardeio antes do fim da guerra e agora é local da Schaubühne.

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Mais sobre o Kabarett der Komiker:

Fundado em 1924 por Paul Morgan, Kurt Robitschek e Max Adalbert, no espaço onde outrora funcionara o Cabaré Rakete de Rosa Valetti, em Berlim. Foi o cabaré mais bem sucedido durante o período final da República de Weimar e sempre garantia casa lotada mesmo diante do cenário de hiperinflação em que se encontrava a moeda Alemã, tanto que expandiu duas vezes, em 1925, um ano após sua inauguração, mudou-se para um teatro com 450 lugares em Kurfürstendamm (principal avenida de Berlim), e em 1928 o Kabarett der Komiker já havia alcançado tanto sucesso que teve de ser transferido para um espaço ainda maior, projetado pelo famoso arquiteto modernista Erich Mendelsohn, na Lehniner Platz. um teatro para 950 pessoas, que poderiam estar distribuídas em mesas situadas na plateia ou em poltronas nas galerias e à frente do palco.

Na sua estreia em 1924 contou com a participação de Lillian Grey (bailarina), Max Hansen (cantor), Max Adalbert (ator), Kurt Robitschek (conferencista, diretor e dramaturgo), Willi Prager (ator, libretista e dramaturgo), Paul Morgan (conferencista, ator e dramaturgo) e Joachim Ringelnatz (poeta, dramaturgo e pintor), e mais tarde diversos artistas da cena cabaretista como Rosa Valetti, Kate Kühl, Friedrich Hollaender, Margot Lion e Trude Hesterberg também se agregam ao cabaré. Abre as portas com a opereta “Quo Vadis?” (Pra onde vais?) que debochava do até então jovem movimento nazista e satirizava Hitler e suas tentativas de ascensão ao poder. A opereta obteve o marco de 300 apresentações.

A programação do Kadeko era constituída por duas partes sendo a primeira composta por quadros individuais ou em dupla, intercalando canções, números de comédia e de dança. É importante ressaltar que tanto os números de chansons quanto os de dança estão imbuídos de teatralidade. Já a segunda parte da noite era composta por atrações coletivas de gêneros variados, na revista Die Frechheit (publicação mensal que continha poemas satíricos, crônicas e fotos dos colaboradores do espetáculo ao qual se referia, funcionando como um programa de divulgação do cabaré) foram encontrados: quadros vivos, opereta, teatro de revista, teatro de revista em 10 minutos, peças em um ato, paródias de dramas, comédias, dentre outros.

A proposta artística inicial do Kabarett der Komiker era a mistura do entretenimento, sátira e uma pitada de crítica política. A crítica política costumava ficar ao encargo do conferencista, que mais do que um mestre de cerimônias servia como um comentador de sua atualidade e posicionava-se claramente em relação às questões políticas de sua época. Paul Nikolaus, era conhecido como o “conferencista político” e é considerado o mais polêmicos de todos os que já passaram pelo Kadeko. Porém, por conta da demanda do vasto público e com a inexorável ascensão do Nazismo e com ataques violentos nas ruas cada vez mais frequentes, os números com caráter político foram sendo extintos, dando espaço para números mais voltados ao entretenimento por meio de canções, atos vaudeville (de variedades) e peças cômicas de um ato.

“Meu sonho era um cabaré cheio de agressão, um cabaré de sátira relevante. Mas quantas pessoas seriam compreensivas em relação à um cabaré ideal como esse? Vinte jornalistas e trezentos parasitas com ingressos gratuitos. O Kabarett der Komiker tem 950 cadeiras, elas são ocupadas por pessoas de todas posições políticas, de todas classes sociais, de todas cosmovisões.”
Kurt Robitschek

Os ataques Nazistas recorrentes resultaram numa grande onda de medo e consequentemente queda de público, os números políticos foram abolidos e o valor dos ingressos foi reduzido em 30% e o quadro de artistas foi diminuído, isso possivelmente trouxe melhoras ao cabaré.

O Kabarett der Komiker funcionava no sistema Gastspiel (convidados), o que promovia uma grande rotatividade de artistas em seus programas, grandes nomes como Ilse Bois, Karl Valentin, Liesl Karlstadt, Friedrich Hollaender (Fundador do cabaré Tingel-Tangel), Kate Kühl, Trude Hesterberg entre muitos outros integraram o quadro de artistas.

Em março de 1932 o Kabarett der Komiker lança – conforme anunciou no Die Frechheit – “o primeiro espetáculo de cabaré-ópera” chamado Rufen Sie Herr Plim (Chamem o senhor Plim – escrita por Kurt Robitschek em parceria com Marcellus Schiffer e com música de Mischa Spoliansky), no mesmo ano estreou uma peça de cabaré-opereta: Meine Frau, Deine Frau (Minha mulher, sua mulher), texto de Robitschek e Paul Morgan, com música de Willy Rosen.

Em 1933, quando se concede poderes legislativos a Hitler e se instaura de vez a ditadura Nazista, Kurt Robitschek busca exílio nos Estados Unidos e a direção do Kadeko é assumida por Hanns Shindler até 1938, quando então Willy Schaeffers assume até 1957. O prédio foi destruído por um bombardeio pouco antes do fim da guerra e agora é o local da Schaubühne am Lehniner Platz.

 

Pesquisa realizada por Vinicius Rigo (Discente de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)

Referências Bibliográficas:
OLIVEIRA, Lívia Sudare de. “SOM E FUMAÇA. UM ESTUDO SOBRE O CABARÉ BERLINENSE DURANTE A REPÚBLICA DE WEIMAR”. Tese de Doutorado – UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC) – CENTRO DE ARTES (CEART) – PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM TEATRO – Florianópolis 2017

KADEKO – Arquivo do site “Cabaret Berlin” – Publicado em 21/05/2010
Disponível em: “http://www.cabaret-berlin.com/?p=87” – Acesso em 12/06/2020