Nascimento: 21 de fevereiro de 1917. Cachoeiro de Itapemirim – Espírito Santo,
Morte: 19 de julho de 1967. Rio de Janeiro – Ilha do sol.
Dora Vivacqua, ou como de fato era conhecida, Luz del Fuego, foi uma das grandes vedetes cariocas. Ela era dançarina, naturista, atriz, escritora e foi pioneira na luta pela liberdade do corpo e do feminino. Também foi pioneira na implementação do naturismo, provocando imenso debate e estupefação entre a população carioca, ao criar o primeiro reduto naturista da américa latina: a Ilha do Sol. Concedida a ela por um de seus amantes, o qual havia sido empoçado no poder público, e tinha o poder para mexer uns pauzinhos. Outros fatos que se destacam em Luz eram o seu amor por cobras, as quais eram parte essencial de seus números, e a sua morte trágica, assassinada por pescadores na ilha do sol.
Pesquisa realizada por: Vicente Conde (Discente de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)
Galeria de fotos:
Links de vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Zd6V2DEYxAw
https://www.youtube.com/watch?v=OWRaIBmjagQ
Mais sobre sua biografia: Dora Vivacqua nasceu em Cachoeiro de Itapemirim em 21 de fevereiro de 1917. Nascida no espírito santo, Dora foi criada em uma família de intelectuais e políticos, que realizavam reuniões literárias, com diversas personalidades do modernismo brasileiro em Belo Horizonte.
Desde muito cedo, Dora exibiu comportamento rebelde, recusando-se a acatar ordens ou opiniões sobre o que fazia. Costumava caminhar pela praia de Marataízes somente de roupa íntima e bustiê improvisado com lenços. Nos carnavais, sempre aparecia com curtas fantasias confeccionadas por si, e tinha verdadeira aversão às convenções sociais e às ideologias conservadoras que lhe eram impostas. Certa vez, aos vinte anos, fugiu para o Rio de Janeiro, e, após ser encontrada pela família, foi enviada ao Colégio da Imaculada Conceição, em Botafogo, do qual se retirou após atingir a maioridade, à época, 21 anos. Seu irmão Atillio, então eleito deputado constituinte, preocupado com sua saúde e bem-estar, decidiu mandá-la de volta para Belo Horizonte a fim de evitar o envolvimento de seu nome em escândalos. Após retornar para Minas, foi morar com a irmã Angélia e o marido da mesma, Carlos, que começou a assediá-la. Quando flagrado pela esposa, ele convenceu-a de que foi Dora a responsável pelo acontecido e fez a família considerá-la esquizofrênica, o que resultou no internamento da moça no Instituto Raul Soares por um período de dois meses em 1936. Quando deixou o manicômio, a jovem havia perdido dez quilos. Em 1937 fugiu para o rio e fez bacharelado em Ciências e Letras mas optou por seguir a carreira artística em meados de 1942. Amestrou serpentes e dois anos mais tarde estreou nos teatros de revista carioca sob o pseudônimo Luz del Fuego. Seus números costumavam ser de dança junto com duas cobras enroladas em seu corpo que, na maior parte das vezes estava nu. Logo todo país já se alvoroçava com os feitos de Luz. Essa mulher sabia o que queria, e sabia usar suas ferramentas para conseguir; ela ousava, desafiava o status quo e ria do escárnio das vidas normais. Foi levada à delegacia por atentado ao pudor diversas vezes, e devido aos seus dons de convencimento e contatos com políticos influentes foi liberta na mesma quantidade de vezes. Por isso, Luz del Fuego se tornou uma das Vedetes mais queridas do Brasil nos anos 50 (inclusive contratada para excursionar no exterior). Apesar da adoração do povo, sofreu grande repressão sendo impedida de entrar em algumas cidades e sendo expulsa de outras. A partir dos anos 40 começou a impor os seus ideais existencialistas, naturistas em defesa dos direitos das mulheres, da liberdade de expressão e em combate aos preconceitos sociais. Escreveu dois livros, um deles contendo a teorização do movimento naturista brasileiro e, como resultado, viu-o ser banido das prateleiras das livrarias. Ainda nos anos 40 tentou candidatar-se com o partido naturalista brasileiro (1949). Nos anos 50 com apoio da marinha brasileira e certamente de algum figurão da época, foi morar numa ilha localizada na baía de Guanabara, onde fundou o Clube Naturalista Brasileiro, e a qual posteriormente, seria batizada de Ilha do Sol. Apesar da popularidade, a artista sofreu dificuldades financeiras em seus últimos anos de vida. Luz del Fuego foi assassinada juntamente com o seu caseiro, por dois pescadores na ilha do Sol, em 19 de julho de 67 Sua história foi tema do documentário A Nativa Solitária, de 1954 e depois do filme Luz del Fuego, de 1982.
Peças:
Ano | Espetáculo | Local | |
1944 | Tudo é Brasil | Teatro Recreio[1] | |
1950 | Cutuca Por Baixo | Teatro Recreio[2] | |
Teatro Santana[3] | |||
Festival de Danças Brasileiras | Teatro Recreio[4] | ||
Eva no Paraíso | Teatro Follies[5] | ||
1951 | É Rei, Sim | Teatro Recreio[6] | |
Teatro Santana[7] | |||
Teatro Braz-Politeama[8] | |||
Balança Mas Não Cai | Teatro Carlos Gomes[9] | ||
A Fruta de Eva (O Nu Através dos Tempos) | Teatro República[10][11] | ||
1952 | |||
A Verdade Nua | Teatro Follies[12] | ||
Teatro República[13] | |||
É Grande Rei | Teatro Madureira[14] | ||
1953 | — | Teatro Odeon[15] | |
O que é que o bikine tem? | Teatro Recreio[16] | ||
1954 | É Sopa no Mel | Teatro República[17] | |
1955 | — | Teatro João Caetano[18] | |
Esta Mulher É de Morte | Pauliceia[19] | ||
1959 | Momo e Bambolê | Teatro Paramount[20] | |
Mulher… Só Daquele Jeito | Teatro Carlos Gomes[21] |
1960-61 | Carnaval da Ilha do Sol | Teatro João Caetano[1] |
1964 | — | São Paulo[2] |
1965 | Boas em Liquidação | Teatro Rival[3] |
Filmes:
Lançamento | Título | Direção/Produção* |
1946 | No Trampolim da Vida | Alexandre Wulfes*[1] |
1947 | Não Me Digas Adeus | Luis Moglia Barth[2] |
1948 | Folias Cariocas | Manuel Jorge e Hélio Thys[3] |
Poeira de Estrelas | Moacyr Fenelon[4] | |
1952 | Saúde e Nudismo | Desconhecido[5] |
1954 | A Nativa Solitária | Francisco de Almeida Fleming[6] |
1957 | Cururu, o Terror do Amazonas | Kurt Siodmak[7] |
1959 | Comendo de Colher | Al Ghiu[8] |
1969 | Tarzan e o Grande Rio | Robert Day[9] |
Referências Bibliográficas:
JUNIOR, A. Buono. Luz Del Fuego vestida…???. A noite ilustrada. Rio de Janeiro, 15 ago. 1950. Disponível em: <http://memoria.bn.br/pdf/120588/per120588_1950_01120.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.
Autor desconhecido. Buono. Nu, com a mão no bolso. Visit Brasil. Disponível em: <http://visitbrasil.com/pt/blog/nu-com-a-mao-no-bolso.html>. Acesso em: 11 jul. 2018.