Oscarito

Nascimento: 16 de agosto de 1906, em Málaga, Espanha.
Morte: 04 de agosto de 1970, no Rio de Janeiro, Brasil

Oscar Lorenzo Jacinto de La Imaculada Concepción Teresa Dias, artisticamente conhecido como Oscarito, era um artista completo. Ator, palhaço, comediante, dançarino, acrobata e cantor, tornou-se um dos artistas mais populares das chanchadas do cinema brasileiro.

Filho de pai alemão (Oscar) e mãe portuguesa (Clotilde Teresa) descendentes de famílias com tradição circense de 400 anos, Oscarito nasceu no dia 16 de agosto de 1906, em Malaga – Espanha, batizado com o nome: Oscar Lorenzo Jacinto de La Imaculada Concepción Teresa Dias. Uma curiosidade sobre esse dia é que sua família morava em uma casa ao lado do Circo, assim que a cabeça de Oscarito saiu do ventre de sua mãe, coincidência ou não, a banda do circo começou a tocar como que anunciando seu futuro brilhante no picadeiro. Oscarito faleceu no dia 04 de Agosto de 1970 aos 64 anos, vítima de um AVC.

 

Pesquisa realizada por: Bruno Ferreira de França (Discente de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)

 

Galeria de fotos:

 

Links de vídeos:

Oscarito e Grande Otelo em Romeu e Julieta – https://www.youtube.com/watch?v=e-lpZdGTTGI

Oscarito (Marcha do Gago) – https://www.youtube.com/watch?v=NJipHVJ9mhU

Oscarito e Grande Otelo em Matar ou Correr – https://www.youtube.com/watch?v=2PVhh67PVkQ

Oscarito (Marcha do Neném) – https://www.youtube.com/watch?v=U0gH5n7Mx34

Oscarito e Eva Todor em Os dois ladrões – https://www.youtube.com/watch?v=V4PBXWvT9ts&t=27s

 

Mais sobre sua biografia:

O Circo Spineli contratou a família de Oscarito quando ele tinha 2 anos de idade. Assim, mudaram para o Rio de Janeiro. Seus tios paternos possuíam um grupo de acrobacia chamado “Os Teresas”, pioneiros no Brasil. Oscarito participava de um número de acrobacia aérea com a sua mãe, mas foi aos 5 anos que sua estreia no circo aconteceu de fato, do palhaço e ator negro Benjamim de Oliveira, numa livre adaptação do romance de José de Alencar “O Guarani”

Oscarito se destacou mesmo no circo como palhaço, ele não imitava ninguém, criou um estilo próprio. Sua vivência no circo fez com ele adquirisse uma expressão corporal muito viva usando e abusando de gags, gestual, dança que ele mesmo criava, além de jogos faciais incríveis. Sua comédia era refinada e precisa; era dono de um timing cômico ímpar.

Em 1932, destacando-se cada vez mais no circo por sua comicidade, Oscarito chamou a atenção do empresário Alfredo Breda que atuava na Praça Tiradentes. Ele queria levá-lo para o teatro na tentativa de mudar a comicidade séria estabelecida no teatro daquela época e trazer a comicidade de Oscarito que era uma novidade, com suas gags e blaques.

Ao entrar para o teatro, Oscarito traz um trabalho de ator muito diferenciado e específico. Na sua interpretação, era muito presente o uso do corpo e da voz. Fez sua estreia no espetáculo “Calma, GêGê” de Djalma Nunes, Alfredo Breda e Amador Cisneiros. Uma das primeiras peças com quadro político, Oscarito interpretava de forma satírica o Presidente Getúlio Vargas. A construção do personagem feita por Oscarito não contou com nenhum aparato como peruca, enchimento ou barbas. Tudo foi criado em seu próprio corpo, passava horas de frente para o espelho com a foto de Getúlio Vargas ao lado estudando cada detalhe de sua expressão, aliás, todas as imitações que ele fez na sua carreira de ator se davam desta mesma forma. Ele ficou um dia inteiro no teatro sozinho construindo a figura de Getúlio Vargas.

Em “Que é, que há!” de Alfredo Breda, recebeu belas críticas sobre sua atuação. Recebeu mais elogios nas revistas Prato do Dia, de Floriano Faissal e Alfredo Breda, e Frente Única, de Luiz Peixoto, Ari Pavão e Sá Pereira. Com o espetáculo “Salada de Frutas” de Alfredo Breda e Miguel Santos, Oscarito estreou no Teatro Carlos Gomes ao lado de Araci Côrtes com quem consolidou uma das duplas mais famosas do teatro de revista.

Era uma época próxima do que viria a ser o Golpe Militar e Oscarito se inseria com muito brilhantismo no teatro popular e colocava em voga as questões do mundo.

No Cinema, segundo o diretor Carlos Manga, quando a câmera era ligada, um fenômeno acontecia diante de Oscarito e era muito difícil de controlar o riso dentro do set. Praticamente ¼ da população brasileira ia ao cinema para assistir Oscarito. É importante frisar que o cinema brasileiro se insere como arte popular, quando em 1940, começa a produzir as famosas Chanchadas que eram formadas por três elementos: piadas do teatro de revista (a piada era mais forte que o diálogo), senso de urgência (que fazia as crianças gritarem de emoção) e canções de rádio. A junção desses três elementos deu origem as Chanchadas.

O alvo de sátira das chanchadas naquela época eram as grandes produções do cinema americano. Oscarito deu inúmeras contribuições ao cinema brasileiro. Tornou-se um ícone na trajetória cinematográfica brasileira, um marco nacional de ator cômico e isso ajudou a aproximar os brasileiros do cinema nacional em uma época em que o cinema não era a atração favorita dos brasileiros.

Oscarito era um ator espano brasileiro, mas ele se dizia brasileiro no sentido de ter tomado muito tapa e dado muito ponta pé. Era brasileiro nesse sentido, “eu sou um malandro brasileiro”, dizia ele. Oscarito sabia o tempo que durava a gargalhada das suas piadas.

Oscarito e Grande Otelo, além de formarem uma dupla cômica, eram grandes amigos. A parceria se deu em 1945 com o filme “Não adianta chorar”, direção de Watson Macedo. O máximo de expressividade dessa dupla foi no filme “Carnaval de fogo”, também de Watson Macedo, onde encenaram uma paródia da cena do balcão de Romeu e Julieta do dramaturgo William Shakespeare. O filme como um todo era uma grande paródia da peça elisabetana, mas como estamos falando das chanchadas, esses limites iam para além do previsível.

Encantar as pessoas, divertir as pessoas, estabelecer o riso aberto, a lábia solta, tudo isso com a fantasia da vida, com elementos que formam o cotidiano da sociedade da civilidade e etc. é muito interessante, ainda bem que existe esse tipo de cinema, literatura, teatro, humor e música. Tem ligação direta com a tomada do sentimento popular e Oscarito era um representante desse sentimento.

Encerrou sua carreira no cinema em 1968 com o filme “Jovens pra frente”. Viajou por todo o Brasil apresentando filmes e peças, ganhou prêmios, recebeu convite para fazer filmes em Hollywood mas não aceitou, trabalhou na rádio tupi, compôs músicas para filmes, enfim, foi um artista completo. Sua última peça foi ao lado de Dercy Gonçalves, “Cocó my Darling…” de Marcel Mithoiscom, direção de José Maria Monteiro.

Faleceu no dia 04 de Agosto de 1970 aos 64 anos, vítima de um AVC, deixando um legado de atuações incríveis, onde hoje, graças a tecnologia, podemos assistir no YouTube, saciando a curiosidade daqueles que querem conhecer a virtuose cômica de Oscarito.

 

Referências bibliográficas:

FRAZÃO, Dilva. Biografia de Oscarito 10 nov 2016. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/oscarito/>. Acesso em 05 de maio de 2019.

JUNQUEIRA, Cristine. Reio do Riso Biografia de Oscarito. Este texto é de 2006. Disponível em: <http://portais.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/atores-do-brasil/biografia-de-oscarito/>. Acesso em 07 de maio de 2019.