Kurt Tucholsky

Nascimento: 1890, Berlim – Alemanha
Morte: 1935, Gotemburgo, Suécia

Kurt Tucholsky, jornalista, cronista satírico, autor de cabaré, socialista, pacifista, compositor, poeta e, acima de tudo, um dos artistas mais importantes no período da República de Weimar. Através dos seus textos e canções, contribuiu para a produção artística do movimento cabaretista dos anos 20 na Alemanha, denunciando o fortalecimento da extrema-direita e dos tempos sombrios que estavam por vir.

 

Pesquisa realizada por: Antônio Valladares (Discente de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)

 

Galeria de fotos:

 

Links de vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=pyFogjSgLxg&t=173s

https://www.youtube.com/watch?v=aFobG9eY5DU&t=480s

 

Biografia:
Kurt Tucholsky nasceu no dia 9 de janeiro de 1980, em Berlim, Alemanha. Era filho de Alex Tucholsky, um banqueiro judeu que se casou com Doris Tucholsky. Kurt era o filho mais velho, tendo um irmão, Fritz, e uma irmã, Ellen. Seu pai morreu cedo, em 1905, deixando uma vasta fortuna para sua mulher e filhos, possibilitando que Kurt pudesse estudar sem se preocupar financeiramente.

Iniciou seus estudos em 1909 na faculdade de direito em Berlim, onde só foi receber seu diploma em 1915, após sua dissertação ser revista várias vezes e, finalmente, ser aceita. Porém, acabou não seguindo a carreira jurídica. Tucholsky sempre teve gosto pela escrita. Enquanto estudava direito, já escrevia textos e sátiras. Seu primeiro texto foi “Märchen”, publicado em 1907 pelo jornal satírico alemão Ulk, na qual Kurt, um jovem com apenas 17 anos, zombava do gosto artístico do kaiser Wilhelm II.

A obra que o fez ficar reconhecido da noite para o dia foi “Rheinsberg: um livro ilustrado para apaixonados”. Publicado em 1912, a história contava a excursão de dois amantes que passam um fim de semana em Rheinsberg. Através de um toque de humor irônico e um tom erótico, Kurt já apresentava sua identidade artística, pois utilizava de um casal ingênuo e bobo para criticar o puritanismo burguês da época. Através da sátira, Tucholsky já utilizava a técnica da paródia para criar humor nas suas crônicas. Uma estratégia interessante utilizada pelo autor para maximizar o número de vendas foi realizar uma espécie de promoção na venda do livro – ele abriu temporariamente um bar literário em Berlim, no qual na compra de um exemplar, o cliente levava uma cachaça de brinde. O bar fechou pouco tempo depois, mas o livro continuou vendendo.

Já no início de sua carreira jornalística, Kurt Tucholsky é convocado para a Primeira Guerra Mundial, em 1915. O número de seus textos diminui bastante nesse período. Porém, seu período como “soldado” o faz voltar, em 1918, ainda mais convicto, deixando claro seu posicionamento antimilitarista nos textos futuros. Além disso, lá assume a religião protestante e deixa de lado sua religiosidade judaica.

Kurt gostava de assumir pseudônimos em diversos textos que publicava – Peter Panter, Theobald Tiger, Ignaz Wrobel – mas é em 1918, com sua volta ao jornal satírico Ulk, que decide adotar o que seria o mais emblemático: Kaspar Hauser. Assim como a figura misteriosa do Kaspar Hauser, um jovem que dizia ter sido criado nas masmorras no meio de uma floresta, Kurt sentia-se completamente deslocado dentro dos acontecimentos políticos de sua época, como uma criança que foi retirada de sua casa e colocada no meio do caos. Em 1920, deixa de publicar para o Ulk e se junta ao que será considerado um dos maiores jornais de esquerda do período da República de Weimar: o Die Weltbühne (“o palco do mundo”). É nesse período que Tucholsky descobre os cabarés.

Começa a escrever diversas letras, músicas, poesias, textos para os cabarés da época, incluindo um dos primeiros cabarés alemães, o Schall und Rauch. Kurt havia descoberto seu espaço para dar voz a suas inquietações artísticas. Escreve também as revues (teatro de revista), estrelas do cabaré literário. Fica evidente em seus textos o caráter da burla, através de situações polêmicas e de um humor irreverente. No meio dessa efervescência cultural, lança seu primeiro disco: Wenn der alte Motor wieder tackt (“Quando o velho motor volta a popocar”), um estrondoso sucesso em 78 rpm.

Ao mesmo tempo em que escreve para os cabarés, não deixa seu lado político de lado, utilizando o jornal para denunciar os diversos assassinatos políticos que estavam acontecendo na República de Weimar.

Em 1924, Kurt se muda para Paris, onde continua escrevendo para o Weltbühne. Mesmo sendo um homem extremamente charmoso e adorado pelas mulheres, é em Paris que se casa com Mary Gerold, mulher que despertaria uma forte paixão ciumenta em Tucholsky. Todavia, é um casamento conturbado, cheio de separações e reconciliações, principalmente por conta do forte temperamento de Tuchoslky. No seu leito de morte, Tucholsky deixa apenas uma carta adereçada a Mary, declarando seu amor total à esposa.

Os anos passam e a tensão política na Alemanha aumenta. Tucholsky alerta à ascensão do fascismo em diversos textos e artigos, porém, vê pouco a pouco seu trabalho sendo ignorado e censurado pelos grupos políticos de oposição. Mesmo sendo co-diretor do Die Weltbühne, sua liberdade autoral começa a ser caçada. Acaba se exilando para a Suécia, em Gotemburgo, local o qual já conhecia por haver passado as férias com uma antiga namorada. Em 1933, com a tomada definitiva da extrema direita no poder, seus livros e textos são publicamente queimados. Já sem esperança, sem permissão de trabalho, sem dinheiro, sua saúde decai. Em 1935, Tuchoslky é encontrado morto, tendo como causa de morte overdose de medicamentos.

 

Referências Bibliográficas:

RABITZ, Cornelia. Kurt Tuchoslky, cronista satírico e combativo da República de Weimar. DW Brasil, 25 de fev. 2012. Disponível em:< http://www.dw.com/pt-br/kurt-tucholsky-cronista-sat%C3%ADrico-e-combativo-da-rep%C3%BAblica-de-weimar/a-16180770&gt;. Acesso em: 28 abr. 2018.

BAUMANN, Franz. Fabulous, Tragic Kurt Tuchoslky. Los Angeles Review of Book, 07 de jan. 2016. Disponível em: <https://www.academia.edu/35447326/Fabulous_Tragic_Kurt_Tucholsky&gt;. Acesso em: 28 abr. 2018.

LINDER, Birgit. Multiple Pseudonymities: The Affinity by Choice betweenKurt Tucholsky and Kaspar Hauser. City University of Hong Kong. Fevereiro de 2011. Disponível em: <https://www.academia.edu/24516495/Multiple_Pseudonymities_The_Affinity_by_Choice_between_Kurt_Tucholsky_and_Kaspar_Hauser_German_Studies_Review_34.1_February_2011_45-68&gt;. Acesso em: 28 de abr. 2018.