Nascimento: 25 de fevereiro de 1900, em Glória do Goitá, Pernambuco, Brasil
Morte: 12 de abril de 1976, em Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Madame Satã é um dos maiores nomes, senão o maior, quando o assunto é a Lapa do início do século XX – o coração boêmio da cidade do Rio de Janeiro. É também uma das poucas pistas (e que pista fascinante!) para quem quer saber sobre a cultura e a performance de cabaré carioca, bem como do Brasil. Imortalizada pela dita “cultura marginal” da década de 1920, é considerada uma das primeiras artistas travestis do Brasil, que se apresentava nos bares, cabarés e teatros da fervente Praça Tiradentes da época e arredores. “Firme nas ruas e graciosa nos palcos”, “Filha de Ogun e devota de Josephine Baker”, como gostava de se apresentar, interpretou um número que ficou clássico em seu repertório com a música “Mulher de Besteira”, rebolando com uma saia vermelha. Foi destaque na peça que apresentou ao lado de Elba Ramalho, foi amigo da jovem Maria do Carmo Miranda da Cunha (que mais tarde se tornaria o fenômeno Carmen Miranda), tem 4 biografias escritas sobre sua pessoa, algumas entrevistas memoráveis publicadas em jornais como O Pasquim, além de um filme dirigido pelo premiado Karim Ainouz estrelado por ninguém menos que Lázaro Ramos, Flávio Bauraqui, Marcélia Cartaxo e Renata Sorrah, lançado em 2002, e muitas memórias daqueles que puderam conhecer ou cresceram ouvindo falar dos seus feitos e da sua personalidade inventiva. Para além das artes, Madame Satã ficou conhecida pelas habilidades na capoeira – treinado por um dos maiores nomes da malandragem da época, o Sete-Coroas – por suas inúmeras fugas e confrontos com a polícia, e, principalmente, pela corajosa rede que montou de proteção às prostitutas e pessoas em situação de rua da Lapa, impedindo que as profissionais de sexo fossem estupradas, abusadas e caloteadas pelos clientes e que a população mais vulnerável fosse assassinada por policiais a mando de comerciantes da região. Nascido João Francisco dos Santos, pernambucano, com uma história de vida dificultada desde o início pelo racismo estrutural e cotidiano, foi preso inúmeras vezes, trabalhou como segurança do famoso restaurante Capela e também de casas noturnas; foi vendedor ambulante, garçom, sempre sonhando em ser uma artista reconhecida. Seu sonho era viver uma versão brasileira de sua diva Josephine Baker e, para isso, assumia a alcunha de Mulata do Balacochê.
Introdução e apanhado para pesquisa por: Juliana Thiré (Discente de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)
Galeria de fotos:
Links de Vídeos:
Mais sobre sua biografia:
Outras referências e fontes: